quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aula Inaugural no CH/UEPB



Antonio Guedes Rangel Junior, ao lado dos professores Belarmino Mariano Neto (Diretor do CH) e Wanilda Vidal (Dir. Adj.)
Resumo do Lattes do prof. Rangel Junior:
Doutorando em andamento em Educação. Universidade Federal do Ceará, UFC. Possui mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (1997). Graduado em Psicologia, área clínica. Leciona desde 1988 no Departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, onde é Professor Mestre-B. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. Atuação como dirigente sindical entre 1990-1994. Vice-Reitor da UEPB 1996-2000. Tem experiência administrativa como Vice-Reitor, chefe de gabinete e pró-reitor de universidade pública; É compositor popular com vários CDs lançados e músicas gravadas por vários artistas. Leciona nas seguintes áreas: Educação Superior; Universidade, Ética Profissional, Fundamentos da Educação; Psicologia. (Texto informado pelo autor)
A aula inaugural

O evento aconteceu no dia 28 de julho, as 19:30 h., no Auditório do Centro de Humanidades, Campus III. O professor Antonio Guedes Rangel Junior de pronto topou o desafio em proferir aula inaugural no programa de volta as aulas para abertura do semestre 2009.2, com o tema: “UMA UNIVERSIDADE MODERNA PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE”. Essa escolha e o convite feito foram aceitos prontamente. O tema é uma das questões que norteiam a vida acadêmica do professor desde o seu trabalho de mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Preocupação que continua enquanto propósito acadêmico em seu doutoramento, também pela UFC. O evento já repercutiu na mídia virtual local: http://cadernodematerias.zip.net/
O professor Rangel Junior chegou as 19:00h no Centro de Humanidades e foi recepcionado por uma equipe de professores, servidores e estudantes que lhe acompanharam em visita rápida as coordenações dos cursos de Geografia, Letras e História. Muitos estudantes já o aguardavam no auditório e sua aula inaugural contou com uma abertura solene, acompanhada de uma apresentação artística com o “grupo no canto da sala”, coordenado pelos músicos e poetas Artur Silva e Alighieri. Os artistas falaram do projeto voluntário que já desenvolvem a uma década nas escolas de Guarabira. O bom é que Rangel Junior também é músico e houve uma verdadeira entonação de vozes e instrumentos como sanfona, pandeiro e outras percussões embalaram o coco de roda e o repente.
Depois de montada a mesa de honra para recepcionar o professor foi iniciada a aula inaugural, para um público superior a 200 estudantes, dezenas de professores e funcionários do CH. O professor saldou a todos e a todas, agradecendo o convite o qual entendeu como uma provocação ao debate e a reflexão sobre a possibilidade de constituição de uma universidade moderna para transformação da sociedade. Ele argumentou que o tema não é recente, porém continua atual e que desde seu mestrado vem se debruçando sobre estas questões. Porém, para essa aula inaugural se dedicou em construir um texto em que coloca questionamentos e problemáticas em que ali não pretendia trazer respostas prontas, pois a intenção era abrir um campo de reflexões.
Ele começou apresentando questões como “o que se deseja e se espera das universidades nos dias de hoje? O que é e para que serve uma universidade? Estas foram as primeiras preocupações colocadas pelo professor, em meio as controvérsias da dita sociedade do conhecimento e da pós-modernidade.
Outra questão chave levantada pelo professor Rangel Junior foi na direção de uma universidade que atende predominantemente uma geração de jovens e que isso implica em muito mais que o puro e tradicional ensino, pois a questão perpassa também o campo da arte e da cultura. Aproveitou para destacar a abertura do evento em que a música, a poesia e o repente quebram com essa massificação e coisificação dos seres, no contexto da mercantilização da sociedade.
Um dos pontos fortes de sua aula foi a idéia de democratização da informação e de criação das condições humanas e técnicas que passam pela autonomia universitária em todos os sentidos. Autonomia que passa pela capacidade da livre crítica da universidade à sociedade, mas também a capacidade de abertura para ser criticada pela sociedade, capaz de gerar uma auto-estima e que a universidade consiga intervir positivamente para contribuir com a sociedade na luta para coibir as grandes desigualdades.
O maior desafio das universidades brasileiras é exatamente, acessar os projetos de modernização e de novas tecnologias, que já são comuns em universidades da Europa, América do Norte e extremo oriente. Por outro lado, as instituições de ensino superior que se encontram no eixo das escolas públicas se conseguirem atingir certo grau de desenvolvimento e mordenização podem contribuir com a dinâmica de transformação da sociedade. Mas no foco do professor algumas questões estão diretamente fincadas nos “mecanismos de poder na universidade”.
Ele destacou que a universidade é uma coisa do final da idade média para atender ao crescente processo de renascimento urbano e formações dos filhos das elites de comerciantes da época. Por outro lado, o ensino superior no Brasil tem uma História curta, pois só no século XIX (1808) é que a Família Real no Brasil estabelece as bases de algumas faculdades. Na década de 1920 só existiam quatro faculdades isoladas. Só no final da década de 1930 é que o ensino superior passou a ser expandido para outros estados brasileiros.
O professor Rangel Junior ainda tocou na questão do ensino superior demarcado entre o publico e o privado, enquanto modelo que se fortalece depois dos anos de 1960. Pois nesse momento já estão estabelecidas as bases do capital industrial para o Brasil e as universidades são vistas enquanto instituições com potencial para gerar um capital humano. Na década de 1970, algumas contradições foram lembradas com destaque para o Brasil como um país de “Industrialização e desenvolvimento econômico e social” e “Crescimento econômico a qualquer custo”. Nesse tripé a educação passou a ser vista como canal para o desenvolvimento/ investimentos no setor e abertura de um novo mercado. Mas até que ponto a aceleração do processo de Industrialização acelerada poderá superar o subdesenvolvimento? Em especial quando sabemos que a Educação ainda é um bem de consumo elitizado?
Na aula inaugural do professor Rangel Junior foi possível observar uma significativa crítica a idéia de educação como produtora de capital humano necessário ao desenvolvimento/crescimento econômico e tecnológico de um país. Assim foi estabelecida uma linha em que a educação não tem a capacidade de romper por si mesma a lógica do sistema capitalista. Mas nos dias atuais vive-se novos dilemas em relação a universidade e o desenvolvimento, pois a política educacional e cultural estabelece-se em meio a um mundo globalizado, em muitos casos estabelece novas desigualdades e novas dependências culturais – Importação de padrões – colaboração técnico-financeira e crises ambientais que precisam ser pensadas seriamente pelas universidades.
Ele termina sua aula realçando a importância de uma utopia como algo vivenciado em que sonhar é preciso, sofrer e lutar para que se conquiste um caminhar em que a alegria e a arte estejam presentes, pois de acordo com Galeano, citado pelo professor “somos o que fazemos” e fazer a universidade e em especial a UEPB é para ele um desafio cotidiano, no qual se dedica totalmente. Ele terminou dizendo que sua agenda está 100% comprometida com a UEPB e sonha com uma universidade capaz de cumprir a sua missão maior que é o de compromisso com a transformação da sociedade como a principal mantenedora dessa instituição e que ganha a cada ano maior reconhecimento público.
Fechando o evento, o professor Belarmino Mariano Neto (Diretor do CH) entregou um certificado da aula inaugural e uma pequena lembrança em forma de moldura com os brasões da UEPB e do Fluminense, duas grandes paixões do professor Rangel Junior. Em seguida o professor fez os agradecimentos e para finalizar, o grupo “No canto da Sala” apresentou mais coco de roda e repente que foram embalados pelas palmas do público presente.